As ruas de Cabul enchem-se de barulho diário, entre os vendedores de sumos e os de gelado, os vendedores de cartões para telemóveis e os pedintes, circulam os condutores, num ritual diário de buzinas e desespero. O trânsito é caótico e a caravana de carros que constituem os engarrafamentos diários só é interrompida à sexta-feira, dia de descanso semanal no Afeganistão. É como se todos os condutores da cidade se juntassem num ritual quotidiano nas mesmas artérias da cidade, como se só conhecessem um caminho e as restantes ruas da cidade estivessem desertas por ignorância. No meio das caravanas os carros blindados dos estrangeiros que trabalham para organizações internacionais, que se transformou num folclore oriundo de um medo alimentado pelas próprias companhias de segurança. Não existe alvo mais fácil do que um carro blindado com matricula diplomática no meio da invasão de pequenos Toyota do comum habitante da cidade. Se houvesse realmente intenção de atacar algo, o alvo mais fácil seria o carro blindado, parado no trânsito durante horas. Se o que dizem os jornais e a televisão fosse verdade, há muito que teríamos trocado o carro blindado por algo mais discreto...como por exemplo o pequeno Toyota que afinal é o meio de transporte de 90% dos condutores deste país.
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