sábado, 17 de julho de 2010

Guerra

Por vezes quero esquecer que estou num país em guerra... mas não é fácil pois por todo o lado existem sinais da sua existência , mas quero por vezes esquecer para poder respirar. Mesmo nas tardes de fim-de-semana na piscina ela está lá. Tipo aquela série dos anos 80 "Mash" em que os helicópteros continuam a passar por cima de nós, mesmo por cima da piscina, levantamos os óculos de sol para ver para onde vão e por vezes não vão muito longe mas andam em círculos a vigiar a cidade. Nos carros blindados não nos podemos esquecer da guerra, os vidros não abrem, as portas estão trancadas, lá fora os tanques passam, a guerra está aqui. Uma guerra que se prolonga há muito tempo sem sinais de se encontrar uma verdadeira solução para este país... daqui a dois dias é a conferência de Cabul. So what?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Carros blindados

As ruas de Cabul enchem-se de barulho diário, entre os vendedores de sumos e os de gelado, os vendedores de cartões para telemóveis e os pedintes, circulam os condutores, num ritual diário de buzinas e desespero. O trânsito é caótico e a caravana de carros que constituem os engarrafamentos diários só é interrompida à sexta-feira, dia de descanso semanal no Afeganistão. É como se todos os condutores da cidade se juntassem num ritual quotidiano nas mesmas artérias da cidade, como se só conhecessem um caminho e as restantes ruas da cidade estivessem desertas por ignorância. No meio das caravanas os carros blindados dos estrangeiros que trabalham para organizações internacionais, que se transformou num folclore oriundo de um medo alimentado pelas próprias companhias de segurança. Não existe alvo mais fácil do que um carro blindado com matricula diplomática no meio da invasão de pequenos Toyota do comum habitante da cidade. Se houvesse realmente intenção de atacar algo, o alvo mais fácil seria o carro blindado, parado no trânsito durante horas. Se o que dizem os jornais e a televisão fosse verdade, há muito que teríamos trocado o carro blindado por algo mais discreto...como por exemplo o pequeno Toyota que afinal é o meio de transporte de 90% dos condutores deste país.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Reuniões

Na passada quarta estive numa reunião preparatória da Conferência de Cabul. Cinquenta pessoas sentadas a uma mesa para discutir posições políticas, com a respectiva tabuleta do país que representam à sua frente. Não teria sido nada de especial se não tivesse havido este momento surpreendente em que após a nossa tomada de posição sobre alguns assuntos, a posição da União Europeia, não tivesse havido este alinhamento de todos os embaixadores dos 27 Estados-membros perante a nossa posição. Algo novo em Cabul e que reflecte que algo está a mudar na representação política da UE no estrangeiro. Algo que nos fez sorrir e pensar que finalmente a Europa começa a funcionar.