domingo, 15 de novembro de 2009

Os papagaios de cabul

Ainda não tinha falado nisso, erro meu. Os papagaios enchem diariamente os céus da capital afegã, colocados no céu por miúdos e graúdos... Razão de tanta felicidade... uma prática que vem de longe mas que foi proibida durante o regime talibã... porque proibida??? Bem , o divertimento, a alegria, a música, tudo parecia perturbar a paz social ... os papagaios mas também as fotos e os retratos, a música, o cabelo comprido nos homens ou a ausência de barba, o dançar nos casamentos... tudo isso era proibido. Para além de um divertimento, os papagaios de Cabul são hoje um símbolo de libertação.

sábado, 7 de novembro de 2009

Brunch


Algo interessante em Cabul é a quantidade de estrangeiros que continuam a instalar-se, nomeadamente na área da restauração. O elevado número de militares, de funcionários de diferentes ONG´s e de diplomatas na cidade, implica uma procura crescente de produtos à qual o mercado afegão está longe de conseguir corresponder, dando lugar à iniciativa privada estrangeira. Ontem, sexta-feira e primeiro dia do fim-de-semana, tivemos um brunch numa pastelaria/padaria francesa. Mais do que francesa, alsaciana, visto a proprietária ser do alto-reno. Croissants fresquinhos, baguette au saucisson, croque-monsieur ou croque-madame no meio de Cabul parecem uma miragem, mas junta-se a uma oferta criada pelos estrangeiros na cidade que inclui restaurantes franceses, italianos, indianos, chineses, tailandeses, libaneses, espanhóis... alguém interessado em alargar essa oferta com um bacalhau com natas, uns pastéis de Belém e café a sério?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aproveita para ver como a vida também pode ser

"Aproveita para ver como a vida também pode ser" escreveu no facebook a minha amiga Joana. Penso que é disso que se trata quando sentimos a apreensão de saber que a próxima casa que irão atacar poderá ser a nossa, quando sentimos um tremor de terra que nos obriga a correr para o jardim, quando ouvimos um trovão e o associamos imediatamente a mais um atentado... mas é isso que pensamos sobretudo quando atravessamos a cidade e vemos as crianças a pedir dinheiro, a mulheres escondidas atrás das burcas, os mutilados da guerra, o desespero daqueles que querem sair do país por estarem cansados da situação e já não acreditarem em soluções, o ódio crescente por tudo o que é estrangeiro, a policia que não sabe bem o que faz por não ter sido preparada para isso, os aviões comandados à distância que enchem as nossas noites de ruído e que não nos deixam dormir. Há também, no entanto, os vendedores que tentam limpar a frente das lojas como se houvesse remédio a dar a tanto pó e muitas vezes lama e que, na falta de luz pública nas ruas, instalam candeeiros para iluminar a fruta e os legumes que acabaram de limpar, há também as lojas que colocam na montra imagens de modelos ocidentais (homens normalmente) e misturados com algumas palavras francesas tentam dar uma imagem de modernidade a quem passa. No meio de tudo fica a duvida se vale a pena continuar... penso que apesar de tudo vale a pena nem que seja "para ver como a vida também é".