domingo, 7 de dezembro de 2014

Bem ...regresso ao blog original. Decedi que não teria sentido criar um blog novo cada vez que mudo de país . Shar -e-naw ficará assim como o blog de referência desta minha vida de diplomata pelo mundo fora . Estou no Ruanda, em kigali . Cheguei há um mês e encontrei um país em muito diferente do que conhecia de outros países do continente africano . Quando me perguntaram pela primeira vez ' quais as primeiras impressões ?' , pergunta que já me colocaram entretanto mais uma centena de vezes , disse ' não parece África '. A esta resposta um pouco estúpida da minha parte tive direito a um comentário mais inteligente. 'África não tem que ser sempre caos, sujidade, violência  ou desespero, ...., as pessoas têm na mente que África não pode ser algo diferente , o que está errado' ... Na verdade encontrei um país organizado, muito organizado aliás , limpo , verde, seguro , estável e em forte crescimento . Sobre as razões de tal organização ? Um homem e uma visão ... Contestada por alguns mas admirada por muitos dentro das fronteiras do país . Situação estável mas de um passado recente assente em evidentes fragilidades ...demasiado frágil ainda ...

domingo, 3 de junho de 2012

nouvelle-Zélande décembre 2011

la Nouvelle-Zélande c'est le vert, c'est la sympathie des gens, c'est les moutons, les vaches, les kiwis, les belles plages et les beaux parcs naturels. 3000 km du nord au sud de Auckland jusqu'à Christchurch, m'ont permis de connaître une grande partie de la Nouvelle-Zélande. dans ce premier texte sur la Nouvelle-Zélande je dirais de ne pas rater la beauté des parcs naturels du Nord et la mer, Napier la ville de l'art déco, Golden Bay et des possibilités de randonnées inoubliables, le village de Franz Josef et son glacier.

domingo, 26 de junho de 2011

Vejo que já não vinha aqui há uns meses… desde Petra que me fui tornando preguiçoso na escrita. Desde Petra andei … andei por África e pela América do Norte (próximo texto)… Senegal que não achei o melhor lugar para se estar no planeta… mas também não me parece que vi o melhor do pais e depois de uma passagem por Bruxelas, fui até à  Namíbia e posteriormente … à cidade do Cabo na África do Sul. Sobre a Namíbia, chamada Suíça de África, haverá a dizer que se parece muito com o Botsuana mas talvez um pouco mais organizada, resultado da influência alemã, e com cidade excessivamente germânicas. A Capital …pequena… por isso em dois dias dei a volta e meti-me num pequeno autocarro, sentado ao lado de uma pessoa vestido à indiana Jones (algo comum por aquelas paragens) na auto-estrada do trans kalhari a caminho Swakopmund, com direito a um pôr do sol esplêndido com só existem em África, e uma chegada já de noite à cidade mais germânica do continente. Mesmo se a língua oficial e o inglês o alemão esta presente em todo o lado, começando nos nomes das ruas e continuando nos espaços comerciais. Resta dizer que apanhei o pior período de mau tempo dos últimos anos mas entre algumas abertas consegui fazer um Safari e ver um dos animais que não tinha visto no Botsuana, o rinoceronte, dar uma voltas de moto 4 nas dunas do deserto (pouco ecológico, sei, sei) e fazer um passeio de barco ao encontro de focas e golfinhos em Walvis Bay. Um pouco de história fez-me lembra que para onde queira que outros Português já estiveram no mesmo local há muitos anos e marcaram a história do pais. Os primeiros europeus a desembarcarem e explorarem as costas Namibianas: Diogo Cão e Bartolomeu Dias.

De seguida estive na Cidade do Cabo e após a decepção de Joanesburgo em 2010 posso dizer que fiquei muito surpreendido com Cape Town. Cidade aberta, multicultural, com belos parques, excelentes cafés e restaurantes, pessoas acolhedoras… não vou fazer o roteiro turístico da cidade mas recomendo uma ida a ilha (robben island) onde Nelson Mandela esteve preso durante uns anos, com direito a uma explicação do passado recente da África do Sul por alguém que esteve detido com ele e recomendo igualmente uma subida a table mountain para apreciar uma vista soberba sobre a cidade e arredores.

sábado, 5 de março de 2011

Petra



Estive na Jordânia alguns dias... Petra? Sim, espectacular... para quem tem, como eu tinha, a ideia de que Petra pouco mais e do que um templo esculpido na rocha... digo... Petra é toda uma cidade esculpida na rocha. Cheguei a Petra à noite, a tempo de fazer o "Petra by night" … nada muito interessante confesso, talvez melhor com o calor do verão, aliás preferi o Petra "by day". Cheguei a Petra com as minhas únicas referencias históricas sobre o local e que se resumiam a histórias de uma época bem recente… a um filme de Indiana Jones e o as aventuras de Tintim que encheram a minha infância e principio da minha adolescência. Por isso achei melhor ler qualquer coisa mais sobe o sítio. Descobri a existência dos Nabateus, peritos no domínio da hidráulica, que dotaram a cidade de um enorme sistema de túneis e de câmaras de água e de um teatro, construído à imagem dos modelos greco-romanos que dispunha de capacidade para 4000 espectadores. E caminhando sobre a estrada de pedra até ao "tesouro" consegui imaginar romanos a cavalo dirigindo-se para Petra por entre o caminho formado pela e na rocha, nesta antiga província do império.
Após cinco horas de marcha terminei o dia a atravessar o deserto entre Petra e Amã com um magnifico pôr-do-sol seguido de uma esplêndida lua cheia, ao som de Caetano Veloso (não tive tempo de actualizar o meu Ipod com musica local)  a pensar no que tinha visto durante o dia e a caminho do mar morto.
O mar morto? Interessante saber que estamos a flutuar podendo olhar do outro lado do mar Israel. Uma bela tarde de sol, um bom hotel.
Jerash merece uma visita igualmente e adicionando a isso tudo o sitio do baptismo no Rio Jordão fica-nos a certeza que grande parte da nossa História e das histórias que nos contaram quando pequenos, passou por esta região.   

and now Afghanistan?

O sentimento de "isto já não nos diz grande coisa pois estamos de saída" começa a instalar-se.
As forcas internacionais estão no país há mais de 10 anos agora. Resultado? Não se sabe muito bem... mas a guerra continua, os ricos estão mais ricos e os pobres frustrados de tanta expectativa e de tão pouco resultado positivo. Poderão dizer-me que esta é a situação em muitos pais por este mundo fora... a questão e que aqui investiu-se ou deverei dizer, gastou-se muito dinheiro. A guerra e igual a muitas outras guerras onde interesses políticos e económicos ultrapassam por vezes o bom senso e o que uma boa diplomacia poderia resolver. 2354 militares mortos mais de metade americanos... um numero em crescendo desde 2001... todos os anos temos mais soldados a perderem a vida por uma causa... qual a causa? Democracia (veja-se as revoluções no mundo árabe... e a reacção das potencias ocidentais antes e depois) ? Direitos do Homem? (milhares de civis e militares mortos por uma luta pelos direitos do homem?) Al-qaeda (instalada no Paquistão!)? Interesses económicos e geoestratégicos...?
Os países e os povos podem resolver os seus problemas sozinhos e no que restante... uma boa ajuda ao desenvolvimento e uma boa diplomacia podem ajudar...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Um ano e meio no Afeganistão

Sim, sei, já não escrevia há dois meses... Que fiz nos últimos tempos? Bem começo a acumular demasiada tensão, estou a ficar cansado de Cabul. Vão valendo as saidas. Um dia de vela no mar do Norte em Outubro, um frio de rachar e ondas enormes... para primeira experiência não foi má, estou pronto para qualquer mar, uns dias em Singapura e na Tailandia em Novembro... poucos dias com a família em Portugal, uns dias em Estrasburgo e outros em Bruxelas... e encontro-me agora a contar os dias para o Natal... está quase!
Por aqui tudo igual, com menos atentados e explosões em Cabul, com um número crescente de militares mortos nas várias provincias afegãs. Ontem relembrei-me em que sociedade me encontro a viver. Uma amiga minha Francesa-Iraniana cumprimentou-me durante uma festa e esteve a falar comigo durante uns minutos... dirigiu-se então para um grupo de militares afegãos e trocou com eles umas palavras. Voltando perguntei-lhe o que se passava ao que ela me respondeu que se encontrava farta dessa sociedade onde os homens tentam controlar as mulheres. Sentiu-se observada e ouviu comentários pouco felizes por parte dos militares pelo facto de estar a falar comigo. Disse que sabia que se eles a encontrassem sozinha um dia seria insultada ou agredida por ter estado a falar com um homem em público. Por isso achou por bem dizer-lhes para eles terem cuidado com o que diziam pois ela não era afegã e não aceitava tais comentários. Não ser afegã...relembrei-me então que ser mulher neste país é não ter direito a nada, senão a ser submissa às vontades de uma sociedade machista que pensa que a mulher só pode fazer o que o homem pretende dela.. ou seja em público nada ou quase nada, e viver num ambiente constante de medo. Muitos anos teremos que esperar para que algo mude de vez nesta sociedade. Falarei do mar do norte, de Singapura e da Tailândia noutro dia. Hoje havia algo mais importante a relatar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Resolver o conflito

Não ter a população do seu lado é sem dúvida um grande problema para quem quer dirigir o país. A credibilidade do governo afegão desapareceu progressivamente desde as eleições do ano passado e as eleições deste ano nada trarão de novo. O que resta fazer? Para o governo actual penso que é impossível fazer algo para salvar a imagem. Seria mesmo um milagre poder de repente transformar um governo alvo de tanta suspeita num governo de confiança para o povo do Afeganistão. Às forças militares e aos diplomatas estrangeiros presentes no país pouco ou nada resta fazer senão tentar negociar. A negociação parece ser a única solução para não se perder a face perante uma guerra que não se consegue ganhar. O problema é que a negociação terá de incluir o Paquistão e os Talibãs, parece algo evidente... deixando de fora a India e o Irão...  pois é impossível sentar toda essa gente à mesma mesa. Possível? Tudo é possível para não se perder a face...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A pedido de muitas famílias

A minha amiga Anabela , e muitos outros leitores, queixou-se da minha falta de inspiração e da minha ausência aqui no blog. Bem…. Façamos então um resumo do que se passou no último mês. Sim, mais uma vez estive de férias e depois de seis voos consecutivos em 30 horas, de correr em menos de 8 minutos da porta 1 à porta 47 na Portela, cheguei à cidade de Salvador da Bahia completamente de rastos. Primeiro sentimento depois de tomar um duche e de visitar a cidade, perceber que a comunidade da língua portuguesa é enorme e que nós, no nosso pequeno Portugal não nos apercebemos disso. Que bom poder falar a nossa língua num pais imenso como é o Brasil. Um pouco de sotaque, segundo a minha prima brasileira melhor ainda do que o de Caetano, e fui confundido como brasileiro, mas como o Brasil tem tantos sotaques e os brasileiros tantas origens diferentes, deveria ser algo como um brasileiro com sotaque baiano mas de Santa Catarina, bisneto de um alemão de Munique…. Algo assim

Gostei muito do morro de são Paulo, e recomendo, pequena ilha a duas horas de barco de Salvador com excelentes praias, gente acolhedora, muita caipirinha… obrigado Jo e Alex (do bar mais simpático da ilha) e apesar de inverno um sol forte. Fiquei com vontade de voltar ao Brasil e conhecer muito mais desse pais onde toda a gente parece gostar do Lula….

As semanas de férias permitiram-me também regressar uns dias a Portugal, rever a família e poder desfrutar da bela paisagem da nossa costa alentejana. Um pouco menos prazer com os 43 graus que se fizeram sentir no centro do pais e com os quais derreti.

Regressei a Cabul, depois de uns dias em Bruxelas, no dia 14, quatro dias antes das eleições. A tensão andava no ar e as acusações de fraude antes do acto eleitoral também. Encontrei colegas afegãos desesperados com a situação e a antecipar um regresso dos talibãs ao poder… algo que não estranhei pois andava no ar há muito tempo… os próximos meses marcados de fraudes, de um sentimento de revolta de uma população que não confia no seu governo e que começa a insultar os estrangeiros serão decisivos para perceber o tempo que nos resta neste país.

Na véspera das eleições tivemos direito a um sismo de 6.2, nunca corri tão depressa por três pisos abaixo, desde o meu quarto à entrada da casa, ao que se seguiu, no dia seguinte, um conjunto de atentados que aumentaram o stress e o nervosismo entre todos os que vivem aqui. Evacuação… sim fala-se disso….

sábado, 17 de julho de 2010

Guerra

Por vezes quero esquecer que estou num país em guerra... mas não é fácil pois por todo o lado existem sinais da sua existência , mas quero por vezes esquecer para poder respirar. Mesmo nas tardes de fim-de-semana na piscina ela está lá. Tipo aquela série dos anos 80 "Mash" em que os helicópteros continuam a passar por cima de nós, mesmo por cima da piscina, levantamos os óculos de sol para ver para onde vão e por vezes não vão muito longe mas andam em círculos a vigiar a cidade. Nos carros blindados não nos podemos esquecer da guerra, os vidros não abrem, as portas estão trancadas, lá fora os tanques passam, a guerra está aqui. Uma guerra que se prolonga há muito tempo sem sinais de se encontrar uma verdadeira solução para este país... daqui a dois dias é a conferência de Cabul. So what?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Carros blindados

As ruas de Cabul enchem-se de barulho diário, entre os vendedores de sumos e os de gelado, os vendedores de cartões para telemóveis e os pedintes, circulam os condutores, num ritual diário de buzinas e desespero. O trânsito é caótico e a caravana de carros que constituem os engarrafamentos diários só é interrompida à sexta-feira, dia de descanso semanal no Afeganistão. É como se todos os condutores da cidade se juntassem num ritual quotidiano nas mesmas artérias da cidade, como se só conhecessem um caminho e as restantes ruas da cidade estivessem desertas por ignorância. No meio das caravanas os carros blindados dos estrangeiros que trabalham para organizações internacionais, que se transformou num folclore oriundo de um medo alimentado pelas próprias companhias de segurança. Não existe alvo mais fácil do que um carro blindado com matricula diplomática no meio da invasão de pequenos Toyota do comum habitante da cidade. Se houvesse realmente intenção de atacar algo, o alvo mais fácil seria o carro blindado, parado no trânsito durante horas. Se o que dizem os jornais e a televisão fosse verdade, há muito que teríamos trocado o carro blindado por algo mais discreto...como por exemplo o pequeno Toyota que afinal é o meio de transporte de 90% dos condutores deste país.